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domingo, 8 de setembro de 2013

Entrevista inédita com a banda CO2 Zero!


Já conhece a Banda CO2 Zero?
Não? Pois aqui vai uma oportunidade de conhecer o trabalho nota 10 feito por esse pessoal.
A Banda CO2 Zero é de Santa Bárbara D'Oeste (interior de São Paulo) e promove educação ambiental utilizando música e um modelo sustentável de geração de energia elétrica através de bicicletas ergométricas adaptadas com geradores.
A banda se iniciou em março de 2009 e possui quatro integrantes: Armelin (bateria), Kleber (contra-baixo), Max (guitarra e voz) e Reginaldo (guitarra e voz).
Confira agora o bate-papo inédito que tivemos com o Armelin, Reginaldo e Max  e saiba mais sobre a banda e essa iniciativa sustentável!


BL: Como vocês se conheceram?
Reginaldo: A primeira formação da banda não fazia versões e nem músicas de autoria própria. Éramos quatro integrantes: o Armelin, o Max (que ainda estão na banda) e mais dois integrantes. De uns anos para cá, a banda começou a ter outra proposta, levando sustentabilidade e palestras ambientais para as pessoas que assistiam aos shows. A banda também foi tomando outro foco e em 2009, fui convidado para integrar a banda. Por último veio o Kleber, que em 2010 nos contratou para um show e posteriormente se juntou à banda. Porém, eu e o Armelin já nos conhecíamos muito antes da banda surgir, há uns 30 anos (risos).

BL: Bom, então no início vocês eram uma banda “comum”?
Armelin: Sim, inicialmente eu e o Max tocávamos covers de músicas de outras bandas. Quando eu comecei a trabalhar com a área ambiental, eu sugeri ao Max que deixássemos o cover para trás e fizéssemos algo original unindo música e educação ambiental. O Max adorou a idéia e a nova formação da banda já tinha esse foco.

BL: Vocês já pedalavam antes da banda?
Armelin: Sim, comecei a pedalar na barriga da minha mãe (risos). Nunca deixei de pedalar, inclusive meu carro está apodrecendo na garagem, eu faço quase tudo em cima da bicicleta.

BL: E os outros integrantes? Todos pedalam?
Armelin: Eu venho cobrando bastante da banda, se nós estamos cantando algo, temos que executá-lo também. Depois de mim, quem pedala mais é o Reginaldo, seguido do Kleber. O que menos pedala é o Max. Porém eles estão sendo desafiados, pois nós teremos muito em breve, uma apresentação, aonde chegaremos todos de bicicleta e o show vai ser em cima da bicicleta. Eles não pedalam muito, mas eu estou puxando a orelha deles! (risos)

BL: Como surgiu a idéia do pedal sustentável? Quem surgiu primeiro? A banda ou o pedal sustentável?
Armelin: Primeiro nasceu o pedal e depois a banda. Pedal sustentável é o nome para dizer que você vai pedalar e gerar energia elétrica.
Eu, como professor de mecatrônica, tive em 2005, o desafio de levar para os alunos o tema ambiental, dentro de um curso técnico. Eu conduzia essas aulas baixando algumas transparências da internet. Mas isso não prendia a atenção dos alunos. Um belo dia em casa, eu reuni três paixões: ciclismo, mecatrônica e música.
Um gerador elétrico, uma bicicleta, uma gambiarra (risos) e o movimento da pedalada na bicicleta gerou energia através do gerador e tocou uma música. Pronto! Fui para a escola com essa bicicleta e comecei a palestra falando sobre sustentabilidade. Logo tocou uma música e isso prendeu muito a atenção de todos. A partir daí foi muito fácil falar e desenvolver o tema. Eu nem precisei das transparências, só o cenário e as pessoas pedalando deram o clima ideal para a palestra! Depois eu descobri que nós, seres humanos, temos uma boa capacidade de gerar energia elétrica quando se fala em gerar som. E aí foi fácil começar a banda. Foi só falar para o Max, vamos parar de fazer cover e vamos apostar nisso, algo inovador, que ninguém faz no Brasil.

BL: Com certeza, muito bacana.
Armelin: No começo parecia ser loucura, o pessoal olhava aquilo e achava meio estranho. Mas com o passar do tempo, a gente viu que não é mais estranho para as pessoas ver isso, a gente às vezes está em um show e vê lá longe alguém passando e comentando com o outro “Ah, é aquele lance de bicicleta, música, que gera energia”, ou seja, as pessoas já sabem do que se trata mesmo sem chegar muito perto.

BL: Bom, mas isso é normal, sempre quando há uma idéia nova, pioneira, de início é olhada com estranhamento...
Armelin: Sim, ainda bem que eu encontrei uns loucos para me acompanhar e eu não fui louco sozinho! (risos)

BL: De onde surgiu o nome CO2 Zero?
Armelin: Foi em 2008, quando eu precisava dar um nome para a banda, pois íamos fazer o show de estréia.
O nome CO2 Zero tem a ver com CO2 é o dióxido de carbono, é algo que nosso planeta está emitindo muito por causa da ocupação humana, quando usa muito petróleo. O CO2 não é venenoso ao humano e é até bom para as árvores, só que em excesso, o planeta começa a esquentar e reter calor. E quanto ao zero que foi colocado no final do nome, na engenharia, o zero significa equilíbrio. Ou seja, dióxido de carbono equilibrado. Ou seja, ou você deixa seu carro na garagem e vai andar mais de bicicleta, ou planta muitas árvores para sequestrar todo esse CO2 em excesso no planeta. Esse é o fundamento. E também com bons olhos sobre o Protocolo de Kyoto que fala sobre isso.

BL: Quanto às músicas, vemos versões muito bacanas com temas de coleta seletiva, pedal, ações sustentáveis... Quem é o compositor da banda?
Armelin: O Reginaldo é o melhor cara para fazer versões musicais do planeta! (risos)
Reginaldo: Nós temos duas pessoas para fazer as versões. Na verdade tudo começou com o Armelin, que quando queria falar sobre alguma coisa, trazia um texto e em cima disso, eu colocava a musicalidade. Então eu pegava uma música e adaptava o que ele queria falar. Além das versões, tem as músicas próprias da banda, e quem faz isso é o Kleber.

BL: Uma coisa muito bacana que rola nos shows de vocês é que o público participa da apresentação pedalando junto ao Renan, ciclista monitor. Como funciona essa participação?
Armelin: A proposta da banda é a participação do público. Nós podemos até começar pedalando para mostrar como funciona, mas logo temos que abandonar porque não dá para pedalar, tocar e cantar ao mesmo tempo. Mas isso é uma mensagem para dizer que o trabalho em grupo é o que causa a melhoria ambiental. As pessoas precisam se ajudar para que a coisa possa acontecer.
Reginaldo: O importante da participação do público é o trabalho em equipe, pois as pessoas percebem que uma depende da outra. Você pedalar sozinho é uma coisa, pedalar em 3 ou 4 pessoas é outra. Além disso, é também uma forma de entretenimento para quem assiste nossos shows. Por isso a gente quer e torce para que todo mundo que está acompanhando nossa apresentação possa pedalar com a gente também.

BL: Qual a reação do público quanto a esta interação? É positiva?
Armelin: No começo era muito estranho, precisava quase insistir para a pessoa subir na bicicleta. Mas hoje não é mais assim, a gente acaba de montar as bicicletas, está arrumando as coisas, e já tem gente querendo pedalar, principalmente as crianças, que entendem muito bem o que está acontecendo ali. Aí acabam vindo os pais e também outras pessoas. E o pessoal do ciclismo também adora, tem gente que não quer largar da bicicleta.

BL: E isso é muito legal, pois mostra que existem formas criativas de se ensinar educação ambiental para as pessoas. Gostaria de saber qual a opinião de vocês sobre a questão do ensino da educação ambiental no Brasil, como vocês se sentem fazendo isso, e qual o retorno que vocês veem do público.
Max: Geralmente, quando é criança, a gente ouve falar que ela começa a pegar no pé dos pais, chamando atenção para desperdício de água, e outros temas citados nas músicas. E isso é legal porque a criança vai criando a conscientização desde cedo e vai passando para o adulto. Bom, o Brasil é um dos campeões de reciclagem, de alumínio pelo menos. Ainda precisamos melhorar muito e eu acredito que o cuidado ambiental faz parte. Mas tudo isso tem que ser feito com equilíbrio, para não adotarmos a postura de “ecochatos”
Armelin: Tanto que em nossas músicas sempre temos o cuidado de passar a mensagem de forma positiva e divertida, nunca em tom de cobrança. E a gente acredita que se é divertido entra na cabeça da pessoa e assim que ela começa a digerir e cantar aquilo, ela começa a ter vergonha de fazer coisa errada. Por exemplo, quando o Max canta “Sacolas de Plástico não morrem”, a gente quer que as pessoas fiquem envergonhadas quando vão ao supermercado e pegam as sacolas de plástico.
Reginaldo: O que a gente percebe também, é que isso é a passo de formiguinha. Mas o que a gente vê é que antigamente as pessoas só destruíam, e hoje isto está mudando. E é isso nos motiva. Estar entre as pessoas que fazem algo pelo meio ambiente para que esta situação seja revertida. Que tenham mais pessoas dia a dia vendo que não é só destruir e consumir, mas também economizar e proteger.

BL: Continuando no tema educação, gostaria de falar sobre uma questão que a gente briga tanto aqui em São Paulo, que é a mobilidade urbana, que é a questão de ter uma cidade feita por pessoas e para pessoas, de ter um sistema de mobilidade que seja agradável a todos. E dentro disso, gostaria de citar o uso da bicicleta como forma de transporte alternativo sustentável. O que vocês acham sobre isso?
Reginaldo: Pensando pelo lado frio, eu acho que ainda está um pouco perigoso de se andar. A gente vê muitos acidentes com ciclistas por falta de educação. Então eu vejo que para isso ser algo seguro, infelizmente não depende só da gente, só das pessoas que se motivam e tem esse pensamento de andar de bicicleta. Acredito que ainda demore alguns anos para que isso seja uma forma segura e prática, faltam ciclovias, falta respeito dos motoristas, mas eu acredito que em um futuro, não sei se próximo, as bicicletas serão a melhor forma de locomoção sustentável nas cidades. Acredito que falta um pouco de iniciativa do governo. 
Max: Infelizmente nossa urbanização foi pensada única e exclusivamente para os carros, que é um modelo de status no Brasil. Isso tem que mudar. É cultural, educacional. Leva tempo, mas as pessoas vão se conscientizando, tudo vai mudando, cria-se uma política de educação, não é fácil e quem está fazendo, sofre as consequências. Mas eu vejo um aumento no número de ciclistas nos últimos anos. Por exemplo, um rapaz que conhecemos em um evento comentou que trabalha em uma empresa aqui em Santa Bárbara (SP) e ia de bicicleta todo dia. Quando ele começou a ir de bicicleta, tinha um bicicletário abandonado. Então, a empresa restaurou esse bicicletário e hj seis pessoas vão trabalhar de bicicleta. São as pequenas iniciativas. A partir disso, as coisas tomam corpo, consegue-se apoio político para melhores estruturas. Com estatísticas não tem como não dar certo.

BL: Sim, a mudança vem de pequenos núcleos
Max: Sim, até pouco tempo atrás o Armelin era o louco das bicicletas (risos). E hoje muitas pessoas possuem essa mesma afinidade, esse mesmo pensamento.

BL: Quais os planos futuros para a banda?
Reginaldo: No dia 4 de outubro deste ano lançaremos nosso CD de músicas autorais que se chama Cantando Ecologia. O lançamento será em um espetáculo no teatro de nossa cidade envolvendo duas importantes instituições, a APAE e o Colégio Ideal, onde estes farão algumas coreografias de nossas músicas. Na recepção do teatro haverá bicicletas geradoras anunciando o espetáculo e nós entraremos no teatro de bike! Enfim, muitas surpresas que só quem assistir saberá.
Armelin: No quesito tecnologia continuaremos a evoluir e criar invenções que serão devidamente patenteadas, o que significa que pertencerão publicamente a Nação Brasileira, onde de direito nos assegurará 20 anos de uso exclusivo delas.

BL: Bom, para encerrar a nossa conversa, eu gostaria de pedir que vocês deixassem uma mensagem para os nossos leitores, principalmente aqueles que são ciclistas, que usam a bicicleta como transporte, que encaram o trânsito, enfrentam as dificuldades que a gente tem aqui em são Paulo, que não é uma cidade fácil, que não tem uma política de respeito com o ciclista. 
Armelin: Eu quero encorajar meus amigos ciclistas e cicloativistas que acreditam que andar de bicicleta é fazer bem ao planeta. Snta-se confortável, e presenteado com isso. Eu sei que não é fácil andar na rua, encontrar os carros avançando e buzinando para nós. Mas o que a gente está fazendo pelo planeta vai fazer grande diferença. E as pessoas que estão com essa postura de não nos respeitar, não vai demorar muito tempo, também farão parte do nosso grupo. Esse é meu recado. Que todo mundo acredite em um mundo melhor, só que para isso você precisa ser uma pessoa melhor também.

Curtiu? Veja um trecho de um show com a música "Bike Vermelha"!
Quer ver a banda de perto: Acesse aqui a agenda!


#GoBikers!

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